Ainda sobre as heroínas…
Por longos anos eu me refugiei nos livros, eu viajei, eu amei, eu sofri e fui feliz através dos livros que lia. Conheci a Rússia, senti o frio do inverno russo, fui para a China antiga, a China camponesa, depois a China que se rendeu ao capitalismo. Conheci Paris, quadra a quadra, seus cafés, suas estações de metrô, sua juventude fervilhante, na Paris pós guerra, conheci o interior da Inglaterra, à época das caçadas a raposas…
Enfim, entrei no mundo dos livros, sentei-me à mesa com meus “amigos”, vi paisagens, conheci costumes, mas o que realmente eu absorvia era a essência daqueles seres ali retratados.
Não o lugar comum, não o trivial, o que me atraía eram as sutilezas, os detalhes, as pequenas ações que revelavam ora o grande amor, ora a grande mágoa, ora a maldade oculta, ou o complexo de inferioridade. Posso dizer que eu era uma cientista a procura da grande descoberta que eu achava que não havia na minha vida.
Que boba que eu era! Ou será, que devo dizer: que boba que ainda sou?