Lembro-me da minha infância. Só lembranças boas. Que felicidade é ser criança, a alegria genuína, não a alegria de ter alguma coisa. É alegria de ser! E o que eu era? Uma garota entre vários irmãos, primos, tias e tios, uma avó que era cuidada como se fosse uma relíquia, um pai amoroso e uma mãe atenta e cuidadosa! Essa Páscoa em específico estávamos em Bela Vista, na casa de minha avó paterna, a Abuelita. Já velhinha sentava-se próxima à porta que dava para o quintal, porque lá era o “quartel general” das festividades. Talvez vocês não consigam imaginar o que é uma Semana Santa de antigamente e principalmente das famílias paraguaias. Muito simbolismo, muita fé e muita comilança! Para que todas as iguarias fossem preparadas existia no quintal um fogão à lenha, um forno de barro chamado tataquá, uma mesa comprida onde armava-se máquina de moer milho, as tias amassavam a massa da chipa, se houvesse mandioca fazia-se um bolo delicioso chamado “caburé”, as madrinhas e tias faziam para os seus preferidos a “chipa” no formato de pássaros, pombas, rosas chamados de “lopi”. Quem ganhasse um mimo desses ficava esnobe que só!
A Comemoração pelo dia da Ressureição de Cristo começava cedo. Bem cedo. Lembro-me que tinha um altar com os Santos cobertos até determinada hora. Depois tirava-se a cobertura, acendia-se velas e na tarde do sábado alguém providenciava folha de espada de S.Jorge ou galho de árvore de uns 60 cm. que ficavam ali no altar. No domingo cedo, desde os mais velhos até o bebezinho passava em frente ao altar para que minha avó lhe “desse a Páscoa”. Pensa em um ritual onde há fé, comoção e euforia. Claro que a euforia era das crianças na fila da Páscoa. Nossos pais diziam que tínhamos que confessar nossos pecados e mesmo que não os tivéssemos ajoelhávamos com as mãos postas e pedíamos a benção. A nossa avó fazia um sinal da cruz com umas batidinhas das folhas em nossa cabeça e dava um conselho ou um pequeno sermão. Ela sabia tudo de todos! Quanto ao meu pai, mãe, noras, filhas, e adultos que ali estivessem, ela fazia esse ritual com o Rosário. E todos saíam dali renovados!
Porquê? Pela tradição, pela fé, pelo costume, por que era Domingo de Páscoa! Um dia inesquecível!
Que docura são nossas lembranças de infância. Um feliz domingo de Páscoa para você e sua família. Obrigada por compartilhar suas lembranças conosco.
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Eu que agradeço! Feliz Páscoa para vc e família!
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