Almas.
Almas rasas, almas profundas. Almas quietas, almas inquietas.
Almas glutonas. Ou seriam corpos glutões? Almas machucadas, doídas, que são só percebidas. Almas irmãs, almas curiosas.
Ao nos encontrarmos para um almoço coletivo temos uma infinidade de providências. Depois de tudo providenciado, aí é só curtir, conversar, rir, comer, beber. Ou ver as almas.
É desonesto? É como olhar pelo buraco da fechadura? É pretensioso? Creio estar aí uma boa pergunta.
Quisera ser eu uma alma bebê!
Sim! Só uma alma bebê não se deixaria perceber, não por malícia ou subterfúgio.
Mas pela inocência de ainda estar mais desnuda que oculta Por sua fragilidade só veríamos a sua inocência, sua confiança, sua entrega a pai e mãe.E esta alma que escreve? É maldosa, é curiosa, é o quê, afinal?
— Minha Coultch venha cá!
— Você que aprendeu os gatilhos ( sem ter revólveres), que sabe construir pontes ( sem ser engenheira), que investiga( sem ser policial) venha aqui me orientar!
— Não me deixe aqui sozinha não! ( Sem ser letra de música sertaneja)!Voltando ao almoço coletivo percebo nas pessoas esse cuidado e inadequação talvez.
O isolamento social está completando um ano. As vezes intenso, outras vezes mais frouxo, e nunca mais houve um viver normal entre as pessoas.
Então é natural que os convívios estejam estranhos. Existe como uma desconfiança quando nos encontramos. Uma interrogação em nossos rostos em relação ao encontro que antes era divertido e prazeroso.
“Será que estão mesmo se cuidando? ”“É verdade que eles não saem e abriram exceção só por esta vez?” Essa é a pergunta oculta.
Fazer o quê? Viver enquanto estamos aqui. Com todos os cuidados preconizados.
E rezar, crer e confiar que nossas medrosas almas sejam merecedoras da misericórdia de Deus.