Capitu bem cedo sabia o que queria. Ela almejava conhecer o amor, conhecer o mundo, viver intensamente. Ahhh, mas filha única como era não seria assim tão fácil esses seus quereres todos. Ela tinha mãe e pai conservadores. Que também tinham seus sonhos! Não que Capitu terminasse o colegial e fosse para a capital estudar, ser uma professora, ou até diretora de uma grande escola. Não! O que os pais dela queriam era que aos dezoito anos ela estivesse noiva de um rapaz bom, um advogado talvez, como era o Dr. Bentinho, filho do Dr.Bento e sua esposa D.Sofia, um casal de prestígio na sociedade local. Se depois o marido lhe permitisse continuar os estudos e fazer carreira como professora, aí já seria sob o “comando” do marido pensava seu pai.
Capitu estava cada dia mais linda, os dezessete anos desabrocharam naquela menina com tal esplendor que não havia na cidade quem não se encantasse e especulasse quem seria o eleito dela. Sim, porque com aqueles olhos de cigana, olhando meio por baixo, de forma oblíqua, como quem não quer se comprometer, mas demonstrando os prazeres que teria quem ela escolhesse, já tinham feito com que Bentinho tratasse de chegar nela e lhe fazer a corte. Mas ela ainda não se decidira. Estava encantada com o encanto que causava nos rapazes.
Imagine, ela sorria consigo própria, até o zé ninguém e puxa saco de estimação do Bentinho, o José Dias acha que um dia eu possa olhar para ele! Bom, olhar eu olhei, mas só para me divertir com aquele bocó, pensou Capitu.
Ela continua relembrando desse dia: “Acontece que o Zé Dias, é claro, foi contar ao amigo Bentinho, não é? É bem típico dos mal amados querer disseminar desconfiança naqueles a quem eles amam e invejam, como é ali aquela amizade!.”
“Eu vou é curtir essa fase da minha vida pensa ela. Logo vou fazer dezoito anos e aí acabou a graça. Enquanto Capitu estava se divertindo com o sucesso que fazia, Bentinho foi ficando inquieto e desconfiado de que ela não o levaria a sério. Sendo assim resolveu perguntar a Capitu qual era a verdade. Ela olhara mesmo para o Ze Dias? Ou talvez quisesse mandar um recado a ele, Bentinho?
Ahhh Bentinho! Como você é bobinho! Acha mesmo que Capitu vai entregar a você a verdade, que é dela e só dela? Ainda mais agora que não se sabe de onde ela conseguiu as tais gomas de mascar que estavam na moda lá pela capital e que finalmente chegara ali, naquela cidade?
Capitu agora quando coloca o chiclete na boca, se transforma! Ela imagina quantas coisas mais que esse grande mundo tem para lhe oferecer? Sim, pois se uma bolinha cor de rosa lhe dá tanta satisfação, certamente haveria muitas outras coisas que ela gostaria de experimentar um dia!
Sendo assim, ela masca o chiclete, dá de ombros, arremessa a cabeleira preta para o lado, olha bem para ele e diz:: “Ora Bentinho, por quem me tomas?”