Peralta ( Crônica) Quando ele chegou era daqueles que não escondiam a origem. Nunca nos enganou. Quando falo assim no plural é por força de expressão, porque eu mesma não me envolvia com essa área. Não tinha tempo, nem interesse e nem paciência. Mas não havia como ignorá-lo. Era muito intrometido, andava pela casa todaContinuar lendo “O Peralta”
Arquivos da categoria: LITERATURA
COLCHA DE RETALHOS
Tantos eram os seus papéis! Esposa, mãe, sogra, nora, professora, chefe de família, amiga e mentora de todos ali daquele pedaço de mundo. Um lugar onde a civilização não chegara. Todo seu conhecimento era fruto do seu espirito de observação. Sua sabedoria ocupava seus dias. De qual lado o Sol nasce? Então era aliContinuar lendo “COLCHA DE RETALHOS”
PEDIDO NEGADO
Diana recusou o pedido de casamento. O seu “não” quase foi gritado, de tão firme. – Como ela teve coragem? – Lara fala baixinho. – Cara, ele saiu vermelho e com um jeito de quem estava prestes a chorar. – Não exagera, Paulo – diz Eduarda. – Será que ela marcou com ele aqui? NoContinuar lendo “PEDIDO NEGADO”
A VÓ DE MARIA
Maria sabe que não é época de vacas gordas. Sabe por saber, ninguém precisa falar. É fácil perceber. O café da manhã é frugal. Maria aprendeu essa palavra e a acha linda! Então ela repete mentalmente : a minha refeição é frugal. E a beleza encontrada nos ensinamentos da aula de português é suficiente paraContinuar lendo “A VÓ DE MARIA”
CAPITU MODERNINHA
Capitu bem cedo sabia o que queria. Ela almejava conhecer o amor, conhecer o mundo, viver intensamente. Ahhh, mas filha única como era não seria assim tão fácil esses seus quereres todos. Ela tinha mãe e pai conservadores. Que também tinham seus sonhos! Não que Capitu terminasse o colegial e fosse para a capital estudar,Continuar lendo “CAPITU MODERNINHA”
MEU PRÍNCIPE
Adriana, Lidia e Sonia são amigas inseparáveis. Desde a escola primária, vivem grudadas umas nas outras. – Adriana, pede pra sua mãe deixar você dormir sábado aqui em casa? — Mas e a Lídia? — Ela já confirmou. A avó dela deixou. — Tá bom, amiga. Vou ver se a convenço. Com a noite dasContinuar lendo “MEU PRÍNCIPE”
A CASA DO BBB
Sonho em entrar no BBB. E já me inscrevi, fui entrevistada, a emissora local me deu apoio, fiz o vídeo. Achei que seria chamada. Mas não fui.O BBB existe há 21 anos. Estou ficando velha. Desde os 30 eu quero ir. Sei o quanto eu ia ser muito querida pelos colegas e pelo público.Cozinho queContinuar lendo “A CASA DO BBB”
PISCINAS VAZIAS
Que tristeza me dá ver as piscinas vazias! Não, elas não são sem águas. São piscinas sem gente! Sem jovens, sem crianças, sem adultos.Sem risadas, sem nada e sem ninguém! Porque fico triste? Elas estão ali confiadas aos seus cuidadores e estes limpam, filtram, colocam os produtos , e lentamente vão retirando as folhas secasContinuar lendo “PISCINAS VAZIAS”
OLHA O PASSARINHO
As crianças na década de setenta tiveram um ou mais de um, com certeza! Pode ter sido colorido e grande. Pode ter sido retângulo pequeno em preto e branco. Não era barato. Nem era comum. Era uma oportunidade surgida lá de vez em quando. E quando era de carneiro? Um acontecimento! Vinha o retratista comContinuar lendo “OLHA O PASSARINHO”
TRAGA O MATE
Linhas coloridas, brancas, carretéis com formato de cones. Tesouras que faziam roc, roc ao deslizar nos tecidos mais encorpados, obedecendo o trajeto comandado por aquelas mãos já calejadas. No chão, caixas para juntar as arestas e retalhos, que ao fim do dia seriam separados para uso futuro ou descartados, como as bandeirolas multicoloridas ao fimContinuar lendo “TRAGA O MATE”
O SEGREDO
Joana estava noiva e com casamento marcado. Morava em uma vila de casas e era conhecida de todos. Seu noivo Paulo viera de fora para trabalhar na fábrica de cimento que havia na cidadezinha próxima. Era engenheiro de produção. Rapaz fino, de cidade grande, bonito, bem apessoado, um partidão, como falavam as amigas da mãeContinuar lendo “O SEGREDO”
SONHOS
As colinas faziam parte dos dois sonhos. Na verdade, não eram propriamente colinas. Havia longos trechos planos, algumas pedras ou rochas que formavam os aclives, e novamente a planície. O proprietário da primeira casa escolhera a parte plana ao fundo do terreno para construir o casarão. Sendo assim, havia uma alameda em suave relevo queContinuar lendo “SONHOS”
A GAROTA, A AVÓ E AS ESTRELAS
— Vovó, olha como o céu tem muitas estrelas hoje!— Oi?— O céu, vó! Tá cheinho de estrelas. Tô com medo!— Medo? Medo de quê, Anita?— Medo de você, ou a mamãe, ou o Pedrinho virar estrela e ir morar no céu.— Anita, de onde você tirou isso?— Ah, vó, eu sei que quando asContinuar lendo “A GAROTA, A AVÓ E AS ESTRELAS”
DUAS VIDAS
A história de um homem que lê um romance nos leva a indagar: quais são os limites entre a realidade e a ficção? Sim, porque deve haver esse limite! João tendo trabalho, esposa, filho, contas a pagar, mãe a visitar, futebol para jogar aos sábados, e todas as minudências que se entrelaçam e fazem oContinuar lendo “DUAS VIDAS”
NELSON ÀS AVESSAS
— Oi, vai desocupar? — A vaga? Sim, só um minutinho. Logo chega um garotinho e entra no carro de Diana. O carro do rapaz estava com o pisca alerta ligado, ele afasta-se um pouco para que ela possa sair. Ela dá um tchauzinho e arranca com o carro. Não sem antes olhar pelo retrovisorContinuar lendo “NELSON ÀS AVESSAS”
O BAILE DE FORMATURA
Marta sentia que a cidade era dividida. Geográfica, cultural e socialmente. Esse sentimento ora aflorava com ímpeto, ora era apenas subentendido por ela. Não que ela ficasse segregada a um lado só da cidade. Não! A escola, o clube, a biblioteca, entre outros recintos e departamentos, embora ficassem à direita da vala que separavaContinuar lendo “O BAILE DE FORMATURA”
A LOIRA DO BANHEIRO
— Alguma coisa deve ter acontecido com ela no banheiro. — Seria no banheiro de casa? Ou no da escola? Talvez no banheiro de uma estação de ônibus. E se era passageira e não olhou o número do próprio ônibus antes de entrar no banheiro? Na estação, ficam dez ônibus com motoristas impacientes apressandoContinuar lendo “A LOIRA DO BANHEIRO”
A NOIVA
Lá vem ela! A noiva. Umas vinte pessoas a acompanham. Ela desceu de um ônibus. O noivo desceu também. As pessoas a esperavam ali. E vieram em um cortejo a pé. Ao seu lado, o noivo. Mas os olhos de todos era para a noiva! Ela era a curiosidade, ela era a estranha, ela eraContinuar lendo “A NOIVA”
O TRAJETO
Cansada, tarde da noite a moça atravessa a pé um triângulo de ruas, para finalmente chegar à avenida onde passa seu ônibus. Ela sabe que não devia fazer esse trajeto, mas só de pensar em aguardar quarenta minutos em outro coletivo para chegar ao mesmo ponto de ônibus, lhe dá o impulso necessário para, mesmoContinuar lendo “O TRAJETO”
DOMINGO
Sol quente, areia queimando os pés, algazarra, sucos, cervejas, caranguejos sendo quebrados, socados com um martelinho de madeira, numa busca frenética pela carne branca e rija que seriam mergulhados em molho para serem comidos. Na mesa, mais ou menos umas oito pessoas falavam e riam. Era uma alegre e típica família que viera aproveitar um domingo na praia. “Queijo coalho” ouviam-seContinuar lendo “DOMINGO”
PAIXONITE
Seu Alberto era um homem bonito. De barba cerrada, bem feita, um cheiro bom de lavanda. Manco de uma perna, distraído ia e vinha do serviço a pé. Seu sapato adaptado lhe dava um caminhar seguro, apesar da diferença de tamanho entre suas pernas. Naquele bairro trabalhadores e alunos saiam cedo para o expedienteContinuar lendo “PAIXONITE”
VERDADES OCULTAS
— Então amor, o que você me diz? – perguntou Adriano com a caixinha das alianças reluzentes, aberta em sua mão. Ele não demonstra, mas seus lábios secos, sua voz com um tom agudo e um leve altear de uma sobrancelha que eu conhecia bem, foram os sinais do nervosismo que ele tentava disfarçar.Continuar lendo “VERDADES OCULTAS”
AS FORMIGAS – Conto de Luiz Vilela
Conto que envolve crianças e seu mundo infantil.