É a vida…

Crônicas É a vida 09/05/2023 por:  Maria Elza G. Gonçalves D. Neuza conta a sua história e dá risada. A Beth acompanha com os olhos e de vez em quando esboça um sorriso. É evidente em sua face a admiração que tem pela irmã. As outras mulheres que estão nessa roda são de idades iguais ou próximasContinuar lendo “É a vida…”

Aquela noite

18/04/2023 por:  Maria Elza G. Gonçalves A noite estava chegando e trouxe consigo um ar estranho. Nada era como sempre foi. Não íamos sentar em nosso banco para o recreio diário. Todos dentro de casa, jantar cedo e ir deitar. Como se houvesse algo oculto. — Mas já? — Sim. E quietinhos, sem uma conversa. VouContinuar lendo “Aquela noite”

A cartomante

Ovnis, balões, luzes cortando o céu! Videntes em redes sociais, fazendo lives, marcando hora para podcast. Vivemos em um mundo moderno, alta tecnologia, e mesmo assim o sobrenatural ainda sobrevive. Tudo isso me fez recordar uma história que conto aqui. Ahhh, em tempo: “No creo em brujas, pero que las hay, las hay” já diziaContinuar lendo “A cartomante”

Crônica para meu neto

Crônicas para o meu neto. Eu tenho um neto que me mostrou a força que eu não sabia que tinha… Nasceu com um problema de saúde. A princípio me assustou… Mas depois me fortaleceu.  E essa força não era física… Era inexplicável… Era a força do instinto, um instinto que não é o materno,  UmContinuar lendo “Crônica para meu neto”

COLCHA DE RETALHOS

  Tantos eram os seus papéis! Esposa, mãe, sogra, nora, professora, chefe de família, amiga e mentora de todos ali daquele pedaço de mundo. Um lugar onde a civilização não chegara. Todo seu conhecimento era fruto do seu espirito de observação. Sua sabedoria ocupava seus dias. De qual lado o Sol nasce? Então era aliContinuar lendo “COLCHA DE RETALHOS”

PEDIDO NEGADO

Diana recusou o pedido de casamento. O seu “não”  quase foi gritado, de tão firme. – Como ela teve coragem? – Lara fala baixinho. – Cara, ele saiu vermelho e com um jeito de quem estava prestes a chorar. – Não exagera, Paulo – diz Eduarda. – Será que ela marcou com ele aqui? NoContinuar lendo “PEDIDO NEGADO”

A VÓ DE MARIA

Maria sabe que não é época de vacas gordas. Sabe por saber, ninguém precisa falar. É fácil perceber. O café da manhã é frugal. Maria aprendeu essa palavra e a acha linda! Então ela repete mentalmente : a minha refeição é frugal. E a beleza encontrada nos ensinamentos da aula de português é suficiente paraContinuar lendo “A VÓ DE MARIA”

CAPITU MODERNINHA

Capitu bem cedo sabia o que queria. Ela almejava conhecer o amor, conhecer o mundo, viver intensamente. Ahhh, mas filha única como era não seria assim tão fácil esses seus quereres todos. Ela tinha mãe e pai conservadores. Que também tinham seus sonhos! Não que Capitu terminasse o colegial e fosse para a capital estudar,Continuar lendo “CAPITU MODERNINHA”

MEU PRÍNCIPE

Adriana, Lidia e Sonia são amigas inseparáveis. Desde a escola primária, vivem grudadas umas nas outras. – Adriana, pede pra sua mãe deixar você dormir sábado aqui em casa? — Mas e a Lídia?  — Ela já confirmou. A avó dela deixou. — Tá bom, amiga. Vou ver se a convenço. Com a noite dasContinuar lendo “MEU PRÍNCIPE”

A CASA DO BBB

Sonho em entrar no BBB. E já me inscrevi, fui entrevistada, a emissora local me deu apoio, fiz o vídeo. Achei que seria chamada. Mas não fui.O BBB existe há 21 anos. Estou ficando velha. Desde os 30 eu quero ir. Sei o quanto eu ia ser muito querida pelos colegas e pelo público.Cozinho queContinuar lendo “A CASA DO BBB”

PISCINAS VAZIAS

Que tristeza me dá ver as piscinas vazias! Não, elas não são sem águas. São piscinas sem gente! Sem jovens, sem crianças, sem adultos.Sem risadas, sem nada e sem ninguém! Porque fico triste? Elas estão ali confiadas aos seus cuidadores e estes limpam, filtram, colocam os produtos , e lentamente vão retirando as folhas secasContinuar lendo “PISCINAS VAZIAS”

TRAGA O MATE

Linhas coloridas, brancas, carretéis com formato de cones.  Tesouras que faziam roc, roc ao deslizar nos tecidos mais encorpados, obedecendo o trajeto comandado por aquelas mãos já calejadas. No chão, caixas para juntar as arestas e retalhos, que ao fim do dia seriam separados para uso futuro ou descartados, como as bandeirolas  multicoloridas ao fimContinuar lendo “TRAGA O MATE”

O SEGREDO

Joana estava noiva e com casamento marcado. Morava em uma vila de casas e era  conhecida de todos. Seu noivo Paulo  viera de fora para trabalhar na fábrica de cimento que havia na cidadezinha próxima. Era engenheiro de produção. Rapaz fino, de cidade grande, bonito, bem apessoado, um partidão, como falavam as amigas da mãeContinuar lendo “O SEGREDO”

SONHOS

As colinas faziam parte dos dois sonhos. Na verdade, não eram propriamente colinas. Havia longos trechos planos, algumas pedras ou rochas que formavam os aclives, e novamente a planície. O proprietário da primeira casa escolhera a parte plana ao fundo do terreno para construir o casarão. Sendo assim, havia uma alameda em suave relevo queContinuar lendo “SONHOS”

A GAROTA, A AVÓ E AS ESTRELAS

— Vovó, olha como o céu tem muitas estrelas hoje!— Oi?— O céu, vó! Tá cheinho de estrelas. Tô com medo!— Medo? Medo de quê, Anita?— Medo de você, ou a mamãe, ou o Pedrinho virar  estrela e ir morar no céu.— Anita, de onde você tirou isso?— Ah, vó, eu sei que quando asContinuar lendo “A GAROTA, A AVÓ E AS ESTRELAS”

O CAFÉ

Sabe aquela música brasileira ”Vestiu uma camisa listrada e saiu por aí”, de Assis Valente, que foi sucesso primeiramente na voz da cantora Carmem Miranda e depois com inúmeros outros artistas? Vocês a conhecem? Se a resposta for sim, então penso vir à sua mente um tipo de homem cheio de malemolência, daqueles de boaContinuar lendo “O CAFÉ”

DUAS VIDAS

 A história de um homem que lê um romance nos leva a indagar: quais são os limites entre a realidade e a ficção? Sim, porque deve haver esse limite! João tendo trabalho, esposa, filho,  contas a pagar, mãe a visitar, futebol para jogar aos sábados, e todas as minudências que se entrelaçam e fazem oContinuar lendo “DUAS VIDAS”

UM VIVA AOS DEZESSETE!

Vinham todos juntos. Moravam para o mesmo lado e estudavam na mesma escola. O grupo era composto de oito adolescentes. Cidade do interior é assim. Vizinhos são colegas, amigos são vizinhos. Mãe é comadre de outra mãe, pais trabalham na mesma companhia, a vida é coletiva. Mas o grupo não era homogêneo. Havia os sub-grupos,Continuar lendo “UM VIVA AOS DEZESSETE!”

NELSON ÀS AVESSAS

— Oi, vai desocupar? — A vaga? Sim, só um minutinho. Logo chega um garotinho e entra no carro de Diana. O carro do rapaz estava com o pisca alerta ligado, ele afasta-se um pouco para que ela possa sair. Ela dá um tchauzinho e arranca com o carro. Não sem antes olhar pelo retrovisorContinuar lendo “NELSON ÀS AVESSAS”

O BAILE DE FORMATURA

  Marta sentia que a cidade era dividida. Geográfica, cultural e socialmente. Esse sentimento ora aflorava com ímpeto, ora era apenas subentendido por ela. Não que ela ficasse segregada a um lado só da cidade. Não! A escola, o clube, a biblioteca, entre outros recintos e departamentos, embora ficassem à direita da vala que separavaContinuar lendo “O BAILE DE FORMATURA”

A LOIRA DO BANHEIRO

  — Alguma coisa deve ter acontecido com ela no banheiro.  — Seria no banheiro de casa? Ou no da escola? Talvez no banheiro de uma estação de ônibus. E se era passageira e não olhou o número do próprio ônibus antes de entrar no banheiro? Na estação, ficam dez ônibus com motoristas impacientes apressandoContinuar lendo “A LOIRA DO BANHEIRO”

A NOIVA

Lá vem ela! A noiva. Umas vinte pessoas a acompanham. Ela desceu de um ônibus. O noivo desceu também. As pessoas a esperavam ali. E vieram em um cortejo a pé. Ao seu lado, o noivo. Mas os olhos de todos era para a noiva! Ela era a curiosidade, ela era a estranha, ela eraContinuar lendo “A NOIVA”

O TRAJETO

Cansada, tarde da noite a moça atravessa a pé um triângulo de ruas, para finalmente chegar à avenida onde passa seu ônibus. Ela sabe que não devia fazer esse trajeto, mas só de pensar em aguardar quarenta minutos em outro coletivo para chegar ao mesmo ponto de ônibus, lhe dá o impulso necessário para,  mesmoContinuar lendo “O TRAJETO”

MEDO

Luiz descia a rua assoviando. Mais uma quadra e meia chegaria em sua casa. O bairro era escuro, poucos postes de iluminação, o dia ainda no lusco-fusco do alvorecer. Ele era porteiro de um hospital e estava vindo de seu plantão noturno. Antes da esquina onde morava, Luiz passou em frente ao que fora umaContinuar lendo “MEDO”

DOMINGO

  Sol quente, areia queimando os pés, algazarra, sucos, cervejas, caranguejos sendo quebrados, socados com um martelinho de madeira, numa busca frenética pela carne branca e rija que seriam mergulhados em molho para serem comidos. Na mesa, mais ou menos umas oito pessoas falavam e riam. Era uma alegre e típica família que viera aproveitar um domingo na praia. “Queijo coalho” ouviam-seContinuar lendo “DOMINGO”

PAIXONITE

  Seu Alberto era um homem bonito. De barba cerrada, bem feita, um cheiro bom de lavanda. Manco de uma perna, distraído  ia e vinha do serviço a pé. Seu sapato adaptado lhe dava um  caminhar seguro, apesar da diferença de tamanho entre suas pernas. Naquele bairro trabalhadores e alunos saiam cedo para o expedienteContinuar lendo “PAIXONITE”

VERDADES OCULTAS

  — Então amor, o que você me diz? – perguntou Adriano com a caixinha das alianças reluzentes, aberta em sua mão. Ele não demonstra, mas seus lábios secos, sua voz com um tom agudo e um leve altear de uma sobrancelha que eu conhecia bem, foram os sinais do nervosismo que ele tentava disfarçar.Continuar lendo “VERDADES OCULTAS”

O ESTRANGEIRO

Um estranho. Para as pessoas distraídas, apressadas, pensativas, envolvidas em seus pensamentos ou problemas, em que mudar a marcha do carro vem a ser um ato automático, o rapaz parado ali naquele cruzamento praticamente não existia ou era apenas isso: a figura de um estranho. Nem sequer era olhado pelo retrovisor ao ficar para trás.Continuar lendo “O ESTRANGEIRO”

O CASARÃO

O trem vinha diminuindo a marcha, Adélia acordou as crianças, um menino de cinco anos e a garotinha de dois anos. Paulo, seu marido, pegou as malas, sacolas, e a bicicleta do vagão de carga. Quando o trem parou as pessoas desceram, uns abraçavam eufóricos os parentes, outros buscavam o carro de praça, outros colocavamContinuar lendo “O CASARÃO”

Lembranças e Saudades Jardim-MS II

Em início de 1967 eu cursava o terceiro ano ginasial e faria 15 anos em outubro daquele ano. Aos rapazes ( meus irmãos), a vida oferecia um futuro delineado no que os aguardava como serviço militar obrigatório, mas que no fundo era uma boa possibilidade de aprenderem uma profissão, engajarem na vida militar, ou mudaremContinuar lendo “Lembranças e Saudades Jardim-MS II”

Dia 04/04/2021 – Domingo de Páscoa

Lembro-me da minha infância. Só lembranças boas. Que felicidade é ser criança, a alegria genuína, não a alegria de ter alguma coisa. É alegria de ser! E o que eu era? Uma garota entre vários irmãos, primos, tias e tios, uma avó que era cuidada como se fosse uma relíquia, um pai amoroso e umaContinuar lendo “Dia 04/04/2021 – Domingo de Páscoa”